Seriado The Boys vai contra a indústria dos super heróis

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O seriado canadense The Boys, da Amazon Studios, incluído na programação brasileira, vai na contramarcha da glorificação dos chamados “super heróis”, desmistificando e denunciando este tipo de indústria na mídia.

 

Parece que não sou só eu o único ser deste planeta que vem olhando esta avalanche de super heróis nas telas de cinema e TV com profunda desconfiança. Quem por acaso me acompanha poderá já ter lido uma crítica sobre isso.

Se você, caro leitor, é como eu, que assina serviços de streaming, deve estar recebendo mensagens de e-mail com anúncio de lançamentos de seriados ou filmes. Isto acontece comigo com tanta frequência que normalmente eu nem dou mais bola.

Mas, aconteceu que a Amazon Prime lançou recentemente o seriado canadense “The Boys” (sem título em português), e logo no primeiro episódio fica claro que o objetivo ali é fazer uma crítica à indústria que fabrica este tipo de personagem.

 

Mas, a coisa toda não para por aí: o seriado denuncia que personagens deste tipo fazem parte de um esquema que movimenta milhões de dólares em cima de um público que se alimenta deste tipo de fantasia, e faz catarse com ela.

 

 

O seriado examina, e denuncia de tabela, algo que a maioria de nós já sabe: o conluio de empresas privadas norte-americanas com a indústria de armamentos para as forças armadas daquele país. E vai ainda mais além, mostrando que as guerras contra certos países é engendrada para aumentar as vendas de armas sofisticadas para o governo. Nada de muito novo, neste ponto, quando diante de um público de hoje com mais idade, que viu o fiasco da guerra do Vietnam pela TV.

O mascaramento dos super

Para alguém ser “super” é obrigatório ter algum tipo de poder avassalador ou características físicas que o tornam teoricamente indestrutível. Em “The Boys” aparecem super heróis com supostas intenções de ajudar a humanidade, mas a maioria deles está em ação somente pela glória e pela fama. E esses todos têm apoio de uma empresa de marketing, que os mantém sob controle. A empresa joga sujo para proteger o seu investimento. E tentam ocultar os hábitos podres de seus contratados, da mesma forma como os antigos grandes estúdios de cinema o fizeram com seus principais astros.

Nós aqui, do outro lado da linha, assistimos a estas críticas e denúncias de duas formas basicamente. Uma delas é não aceitar nenhuma das duas; a outra é se sentir aliviado de perceber que tem alguém nesta indústria que desconstrói falsos mitos.

Segundo o seriado, cada um daqueles super heróis tem uma vida privada recheada de controvérsias e segredos constrangedores, ou seja, de heróis só tem a aparência, porque no íntimo são seres humanos cheios de falhas de caráter.

A indústria de super heróis está acabando com o cinema

Na minha visão (e o leitor, por gentileza, não tome isso como espelho da verdade), o excesso de super heróis nas telas sufoca a criação de um cinema ou TV de melhor qualidade.

O problema é que o lucro para seus criadores parece não ter limites, o que incentiva a penetração na mídia a qualquer preço. Pessoalmente, não tenho nada contra o cidadão ficar rico, mas tudo na vida tem limites.

Acho, portanto, criminoso, explorar a credulidade alheia massacrando a plateia com mitos que foram inventados para uma sociedade potencialmente doente e sem afirmação de identidade.

A América do Norte, ou Estados Unidos da América, é um país ultra diversificado, que varia entre uma comunidade criativa e outra completamente medíocre. Isto não é, em absoluto, um privilégio norte americano. As Américas eram habitadas por tribos de índios, foram invadidas por colonos, que dizimaram a maioria dos povos nativos e trouxeram escravos da África, de forma a maximizar o lucro dos agronegócios. E a situação perdura até hoje, em formas diversificadas!

Superior

A criação do “super herói” tenta iludir o público de que o homem americano é superior aos demais. Aparentemente, ninguém por lá se dá conta do efeito do desbalanceamento econômico entre os Estados Unidos e o resto do planeta. E a pressão política contra os demais países que se opõem ao credo americano.

Desde o término da segunda guerra mundial as administrações públicas norte americanas vêm procurando seguidamente um sistema de conflito. Começou pela guerra fria, que justificou a intervenção americana em países ameaçados, com a alegação de proteção dos mesmos contra a coisa comunista. E continua hoje, com a sistemática proteção do Estado de Israel, contra as comunidades árabes não alinhadas, em um conflito que parece não ter mais fim.

Tudo isso é propício, para a exploração de personagens “super”, que insistem em aparentar a supremacia daquele país. É de se admirar que o seriado The Boys tenha decidido investir no sentido contrário. Nos seus 9 episódios de duração não escapa quase ninguém.

A maior parte das cenas de denúncias contra o sistema mostra o jogo sujo e chantagista dos bastidores, onde a preocupação maior é com o lucro obtido.

E seria o caso de se perguntar como ficam as Marvel e D.C. Comics da vida nisso tudo? Aparentemente, nenhuma dessas empresas teriam defesa e credibilidade para nos provar que não é bem assim. Ou que eles não tenham ficado milionários somente com a exploração de um segmento de diversão que não lhes pertence.

Curiosamente, e por mera ironia, nem os serviços de streaming escaparam disso. Mas o da Amazon Prime já deixou uma abertura para a paródia dos super.

4K HDR 10

O seriado The Boys tem acabamento de primeira, com o Amazon Studios endossando o formato 4K HDR 10. O seriado é muito bem cuidado e bem dirigido. A Amazon chegou ao escrúpulo de alertar os pais sobre cenas de violência, nudez e sexo. Na realidade, mais do primeiro tipo do que dos outros, para variar. Mas, o alerta está correto, porque a penetração de super heróis é primariamente na população infantil e adolescente.

É bom saber que ainda tem gente lúcida neste métier. E capaz de escrever algo contra o status quo do lucro fácil. Eu sou que jamais me importaria de ver super heróis nas telas, desde que não houvesse esse massacre de personagens inúteis, que tentam provar que é com violência que se acaba com violência. A violência é sim justificável, mas na defesa de uma sociedade oprimida por ela. Não custa lembrar que sempre existem muitos outros meios de acabar com a violência que não sejam por ela própria!  Outrolado_

. . .

 

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Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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0 resposta

  1. Olá Paulo. Seu melhor comentário já escrito está acima:
    – A indústria de super heróis está acabando com o cinema
    Esse tema de super heróis é uma forma super fácil de rodar um filme, se elimina várias etapas, nem com elenco é preciso investir muito. Olhem o último Vingadores, tem algum ator ou atriz famosos ? Saudade das grandes produções que hoje surgem a conta gotas. O cinema de verdade tem uma carteira enorme de ótimos títulos. Prova disso foi quando lançou-se o Home-Cinema em vários formatos. Todos os filmes de grande bilheteria sempre eram relançados. Agora em ralação aos de Super Heróis, nenhuma produtora se arriscou a relançar Flash Gordon e outros. Vejo filmes de super heróis atualmente como “descartáveis”, para uma legião de jovens que gostam de quadrinhos, em que esses títulos surgem e logo são esquecidos. Pena que a indústria cinematográfica ao longo das últimas décadas, tenham optado por obter faturamento “fácil” de bilheteria com filmes tipo “B” de Super Heróis, mas se esquecem que os clássicos é que se revertem num faturamento mais consistente, por mais tempo.

    1. Oi, Rogério,

      Se você olhar com atenção os roteiros de muitos desses filmes são patéticos, se vistos diante de um fã de cinema que preza pela qualidade. E eu creio que em grande parte isto é devido à premissa da teoria do “super”. Eu tenho o primeiro Superman, que na época impressionou todo mundo. O desenvolvimento da ideia de um homem super, mas desastrado na aparência, parecia interessante, mas no final acabou em uma comédia. Superman III foi assim do início ao fim, cheio de gags com nada mais nada menos do que o ator Richard Pryor. E isso em uma época em que os roteiros tinham uma certa qualidade, porque hoje em dia as coisas que os caras inventam dispensam críticas, na minha opinião.

  2. Olá Paulo. Seu melhor comentário já escrito está acima:
    – A indústria de super heróis está acabando com o cinema
    Esse tema de super heróis é uma forma super fácil de rodar um filme, se elimina várias etapas, nem com elenco é preciso investir muito. Olhem o último Vingadores, tem algum ator ou atriz famosos ? Saudade das grandes produções que hoje surgem a conta gotas. O cinema de verdade tem uma carteira enorme de ótimos títulos. Prova disso foi quando lançou-se o Home-Cinema em vários formatos. Todos os filmes de grande bilheteria sempre eram relançados. Agora em ralação aos de Super Heróis, nenhuma produtora se arriscou a relançar Flash Gordon e outros. Vejo filmes de super heróis atualmente como “descartáveis”, para uma legião de jovens que gostam de quadrinhos, em que esses títulos surgem e logo são esquecidos. Pena que a indústria cinematográfica ao longo das últimas décadas, tenham optado por obter faturamento “fácil” de bilheteria com filmes tipo “B” de Super Heróis, mas se esquecem que os clássicos é que se revertem num faturamento mais consistente, por mais tempo.

    1. Oi, Rogério,

      Se você olhar com atenção os roteiros de muitos desses filmes são patéticos, se vistos diante de um fã de cinema que preza pela qualidade. E eu creio que em grande parte isto é devido à premissa da teoria do “super”. Eu tenho o primeiro Superman, que na época impressionou todo mundo. O desenvolvimento da ideia de um homem super, mas desastrado na aparência, parecia interessante, mas no final acabou em uma comédia. Superman III foi assim do início ao fim, cheio de gags com nada mais nada menos do que o ator Richard Pryor. E isso em uma época em que os roteiros tinham uma certa qualidade, porque hoje em dia as coisas que os caras inventam dispensam críticas, na minha opinião.

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