Godzilla 1998 em 4K, HDR e Dolby Atmos ficou sensacional

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O filme Godzilla, de 1998, ganha versão em Blu-Ray UHD (4K), com imagem tratada com HDR 10 e som Dolby Atmos totalmente remixado e de altíssima qualidade. Pena que não vai sair aqui.

 

Os cineastas Roland Emmerich (diretor, produtor, roteirista e muitas outras coisas) e Dean Devlin (roteirista, produtor, etc.) passaram um tempo se divertindo concebendo filmes que destruíram prédios e monumentos históricos, em situações de beligerância.

A produção dos dois vai de ótima (Stargate, de 1994) a medíocre, com altos e baixos. E enquanto Stargate gerou várias versões tecnicamente problemáticas em home vídeo, Godzilla, filme que se situa na faixa mediana de produção da dupla, gerou exatamente o contrário, talvez por conta da excelência de recuperação da Columbia.

 

 

E mais recentemente, a nova edição em Blu-Ray UHD demonstra o aperfeiçoamento do potencial técnico do filme: fotografia muito bem trabalhada e trilha sonora que se poderia classificar como “espetacular”.

Antes que se pense que eu estou exagerando, deixem-me explicar: a produção conta mais uma vez com a colaboração do compositor inglês David Arnold, na construção da trilha sonora, toda ela agora reconstruída do zero com uma mixagem 3D no formato Dolby Atmos. A imagem foi tratada, como de hábito, com HDR 10, e está muito boa.

Na edição em Blu-Ray, inclusa junto com o disco UHD, a trilha sonora em DTS HD MA 5.1, se reproduzida junto com Neural:X dá resultados excelentes, mas na nova edição percebe-se que a trilha foi totalmente remixada.

A atmosfera Dolby ultrapassa qualquer expectativa de um som de alta qualidade, sem exagero! Os diálogos são muito claros. Eu notei a fidelidade na reprodução da sibilância gerada pela maneira de falar do ator Mathew Broderick, nítida e sem distorção. Isso me fez lembrar os tempos em que testes de sibilância eram incluídos na avaliação de cápsulas para reprodução de elepês. Dependendo do nível de amplitude, a agulha podia facilmente introduzir distorção por erro de trilhagem.

A Shure, fabricante tradicional de cápsulas, introduziu o teste de sibilância no disco “Audio Obstacle Course – Era III”, lançado por ocasião da fabricação do modelo V15 tipo V, destinada ao aumento de trilhagem frente a discos problemáticos. O leitor pode ter uma ideia do teste ao reproduzir o clipe abaixo:

 

 

Sem sombra de dúvida, não há nível de comparação, não só pelo fato de que elepês, mesmo aqueles cuidadosamente cortados e prensados, não evitam distorções que impeçam a correta reprodução diante da variedade de cápsulas e agulhas. Agora aqui, na trilha Atmos/TrueHD com codec avançado, que independe deste tipo de variável, é que se pode ideia desta distorção.

A nova trilha em Dolby Atmos de Godzilla é envolvente, a mixagem coloca em nova e inventiva perspectiva todos os efeitos sonoplásticos envolvidos no filme. Vem som de tudo quanto é lado, e quando Godzilla finalmente “pisa” em Nova York, o efeito sonoro de baixa frequência chega a ser surpreendente.

Só a trilha sonora já justifica o “upgrade”, mas no quesito imagem o disco UHD é exemplar, com tratamento HDR 10 de ótima qualidade. O HDR, se bem aplicado, aumenta corretamente os níveis de branco e preto, produzindo um contraste convincente nas cenas onde a luz da captura aumenta de nível. A imagem 1080p do disco original é muito boa, mas esta supera em todos os quesitos, quando reproduzida em um display 4K corretamente calibrado.

O disco UHD vem com legendas em português do Brasil, seguindo a edição original, que está contida na embalagem, sem tirar nem por. Irônico, não é não?

O filme da dupla

Godzilla, na minha apreciação, se encaixa como comédia e ficção de maneira bastante razoável, se bem que alguns personagens, como, por exemplo, a chatíssima Lucy Palloti, interpretado pela voz irritante da atriz Arabella Field, com diálogos bobocas e inundados de comentários machistas, poderiam derrubar o roteiro sem muito esforço.

Existem aspectos interessantes, entretanto, já presentes em roteiros anteriores, como, por exemplo, a humilhação de um cientista, visto antes em Stargate e agora neste filme. Em ambos os casos, são cientistas que trabalham fora das luzes dos holofotes, criando conhecimento, mas sendo usados pelo sistema ou por pessoas, sofrendo pressões de tudo quanto é lado.

Em Stargate, este aspecto de crítica é bem mais dramático, porque o personagem Daniel Jackson é ridicularizado por um auditório pleno de cientistas esnobes. Este tipo de crítica pode perfeitamente passar transparente para quem não conhece o meio acadêmico, mas é verdadeira e relevante nos filmes, por causa do desenvolvimento da estória.

Mathew Broderick encarna o personagem Niko Tatopoulos com dignidade. É evidente que o nome Tatopoulos se refere ao designer Patrick Tatopoulos, na base da gozação com a pronúncia errada do seu nome.

Fora os desastres habituais, o filme se desenvolve sem muitos compromissos, apoiado no personagem a meu ver grotesco, originalmente produzido pela Toho, no Japão, em filmes tipicamente classe B. Godzilla tem sido ressuscitado em filmes diversos, mais uma triste evidência da falta de criatividade atual do cinema.

 

 

Quanto ao Godzilla de Emmerich e Devlin, que agora ficou para trás, sobra a primorosa qualidade técnica da época em que foi feito, mesmo com nítidos empréstimos do T. Rex exibido em Jurassic Park, e continua valendo como diversão, ainda mais agora para quem se aventurar na edição 4K.  Outrolado_

 

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Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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