E. T.: O Extra Terrestre, em versão UHD, HDR

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E. T., O Extra Terrestre é um conto de fadas com tons que cativaram as plateias e é sucesso no cinema até hoje. A nova versão UHD acrescenta um brilho na apreciação do filme pelos fãs.

 

Existem filmes que evocam um momento, pessoal ou familiar, e ficam eternamente na nossa memória. E. T.: O Extra Terrestre, lançado em 1982 nos cinemas, é um desses filmes.

Eu e minha mulher levamos a nossa filha, ainda muito pequena, ao Metro-Boavista, quando E. T. foi lançado com cópia em 70 mm. Ela ficou assustada em vários momentos do filme, provavelmente por causa da trilha sonora que soava com grande impacto auditivo.

Tempos mais tarde, nós levamos ela e o irmão mais novo, para uma apresentação da cópia dublada, em um cinema do bairro (Cine Carioca, hoje tombado) e nesta sessão quando o extra terrestre levanta voo para evitar que os agentes do governo os alcançasse, a plateia infanto-juvenil estourou em um aplauso frenético, prova de que o filme atingira o seu objetivo: salvar o E. T., a qualquer custo, das garras do sistema!

Pois não é que agora, o filme volta para a mídia em versão 4K (UHD), HDR 10 e DTS:X? E, ao invés de importa-lo eu o comprei aqui mesmo, porque a diferença de custo era pequena e a remessa mais rápida. Ironicamente, o novo disco apresenta legendas e áudio DTS 5.1 em português.

 

Fica mais uma vez a pergunta no ar: precisa ser assim? Porque não prensar o disco aqui de uma vez? Afinal, se colocam legendas em português é óbvio que o estúdio sabe que terá público comprador no Brasil. Quando o Brasil ainda prensava discos DVD R1, eu escrevi uma carta para a Columbia a este respeito e eles responderam lançando o filme Silverado com legendas em português. Discos R1 só vendiam na América. A fábrica de discos da Columbia ficava aqui no Rio de Janeiro. Esta planta foi construída para prensar elepês, e depois transformada para prensagem de mídia ótica.

O filme que ainda persiste nas prateleiras

Desnecessário dizer que, apesar de imensamente manipulativo, eu gosto de E. T. E de longa data interpretei o bom script de Melissa Mathison como “um conto de fadas com forte base cristã”.

E explico por que: o extra terrestre é o filho de alienígenas desconhecidos que o deixaram na terra. Ele se envolve com as crianças de uma família cuja mãe perdeu a fé no casamento. Elliot, que o recebeu com o coração aberto, sente tudo o que ele sente. Quando E. T. fica doente, ele fica também. Mas, ele morre para salvar Elliot. Depois ressuscita e sobre aos céus, acolhido pelo pai.

No filme de Spielberg há também no roteiro um enfático componente ante establishment. Os agentes do governo apareceram na casa de Elliot como verdadeiros terroristas, assustando a família toda, o que suscita em Elliot o impulso de proteger seu amigo a qualquer custo, e tentar salva-lo das garras do inimigo. O terror e a opressão são os tons das cenas dramáticas daquela invasão.

 

A amizade fraternal com Elliot na despedida (imagem 4K sem HDR).

 

“I’ll be right here (in your mind)”, durante a despedida (imagem 4K sem HDR).

 

A belíssima trilha sonora de John Williams dá o clima necessário ao desenrolar do drama e do resgate. O final do filme é um dos mais belos que eu já vi até hoje, com corte de câmera em close-up no rosto de Elliot.

O disco UHD

A edição UHD contém o filme original lançado nos cinemas. Eu li algumas críticas de analistas dizendo que o resultado da imagem e do som poderiam ser melhores. Eu peço licença para discordar.

Para mim, tem sido deixado bastante claro que o tratamento com HDR consegue trazer benefícios na reprodução do fotograma original, principalmente no que tange às áreas de luz intensa e na gradação das sombras.

Como Steven Spielberg fazia constante uso de luzes fortes nas cenas, o benefício é bastante evidente. Portanto, neste caso, não há o que se objetar. Na realidade, o aumento de grãos em várias cenas, objeto de reclamação, somente serve para denunciar o estado do negativo de câmera, e sinceramente não atrapalha em nada a visão do filme.

Quando ao som, aqui em formato DTS:X 3D, a ausência de uma maior imersividade mostra que a produção do intermediário digital (D. I.) se propôs a ser bastante conservadora. Em algumas cenas aparecem efeitos sonoplásticos que se destacam em todo os canais traseiros, mas isto já tinha sido tentado na edição em Blu-Ray anterior.

A edição UHD é transcrita a partir o DI feito anteriormente em 4K para a edição em Blu-Ray convencional. No novo disco, a transcrição é 1:1 direta.

A nova edição vem, como de hábito, acompanhada de uma cópia do antigo Blu-Ray. Nesta cópia aparecem todos os extras. No disco UHD somente o filme.

E sim, nada de walkie-talkies, os homens do governo aparecem com armas atrás das crianças, o que mostra que o cineasta errou na troca, mas reconheceu o seu erro perante os fãs do filme.

E. T. o Extra Terrestre foi um filme emblemático para mim e para muita gente. Melissa Mathison criou a conhecida frase “E. T. Phone Home”, e usa engenhosamente trocadilhos como “Be Good”, além de metáforas inteligentes como a fala “I’ll Be Right Here”.

É uma pena que a belíssima participação dos então jovens atores não tenham tido o seguimento que mereciam, com altos e baixos, aqui e ali, em filmes que em nada se comparam ao original. Mas, a vida dos atores em geral é isso mesmo, fracassos se somam a eventuais sucessos, que eles próprios comemoram ou lamentam. Outrolado_

. . .

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Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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0 resposta

  1. Grande Spielberg, Paulo. Hoje, eu mais que setentão ainda me emociono em várias sequências, agora, em companhia dos netos.
    Aproveitando, caso você entenda interessante, discorra sobre “O Encurralado” que também gosto bastante.
    Abraço.

    1. Oi, Celso, eu acho que eu tenho Encurralado em DVD, no meio do monte de discos que eu já não toco mais. Este filme estreou no falecido Cinema 1, que se tornou “point” dos estudantes universitários no início da década de 1970, mas eu preciso me lembrar dos detalhes. Naquela época, Spielberg era um ilustre desconhecido, o filme foi originalmente feito para TV, se não me engano.

      1. Bom dia, Paulo. Grato pela resposta. Vi o “duel” no cinema em 73 ou 74 e revi várias vezes numa cópia que possuo em dvd. Lembro-me da frase de efeito no cartaz “a mais estranha arma que um assassino já usou”. Li que realmente a fita foi feita para a tv, entretanto por conta do sucesso, Spielberg filmou cenas adicionais e lançou nos cinemas. Uma das sequências mostra o “encurralado” sendo pressionado pelo caminhão a entrar embaixo de um trem. Interessante que o diretor transformou aquele “truck” num verdadeiro monstro. Colegas reclamam que em nenhum momento vemos o motorista do danado. Coisa a meu ver que não importa absolutamente. Abraço.

        1. Quando o filme foi lançado aqui o crítico Sergio Augusto, na época escrevendo para O Pasquim, fez uma crítica sobre o filme e disse ele que tinha entrado em contato com o Spielberg a respeito de pontos falhos no roteiro, e que este teria dito que concordava com ele.

          O motorista não aparece porque o roteiro assim o exige, ou seja, o personagem de fato é o caminhãoi assassino.

          Gozado é que, até hoje, quando eu dirijo em rodovias eu noto que os caminhoneiros oscilam entre solidários e educados e aqueles que não estão nem aí por quem passa perto. E isso em uma subida de serra é de amargar, haja paciência!

  2. Grande Spielberg, Paulo. Hoje, eu mais que setentão ainda me emociono em várias sequências, agora, em companhia dos netos.
    Aproveitando, caso você entenda interessante, discorra sobre “O Encurralado” que também gosto bastante.
    Abraço.

    1. Oi, Celso, eu acho que eu tenho Encurralado em DVD, no meio do monte de discos que eu já não toco mais. Este filme estreou no falecido Cinema 1, que se tornou “point” dos estudantes universitários no início da década de 1970, mas eu preciso me lembrar dos detalhes. Naquela época, Spielberg era um ilustre desconhecido, o filme foi originalmente feito para TV, se não me engano.

      1. Bom dia, Paulo. Grato pela resposta. Vi o “duel” no cinema em 73 ou 74 e revi várias vezes numa cópia que possuo em dvd. Lembro-me da frase de efeito no cartaz “a mais estranha arma que um assassino já usou”. Li que realmente a fita foi feita para a tv, entretanto por conta do sucesso, Spielberg filmou cenas adicionais e lançou nos cinemas. Uma das sequências mostra o “encurralado” sendo pressionado pelo caminhão a entrar embaixo de um trem. Interessante que o diretor transformou aquele “truck” num verdadeiro monstro. Colegas reclamam que em nenhum momento vemos o motorista do danado. Coisa a meu ver que não importa absolutamente. Abraço.

        1. Quando o filme foi lançado aqui o crítico Sergio Augusto, na época escrevendo para O Pasquim, fez uma crítica sobre o filme e disse ele que tinha entrado em contato com o Spielberg a respeito de pontos falhos no roteiro, e que este teria dito que concordava com ele.

          O motorista não aparece porque o roteiro assim o exige, ou seja, o personagem de fato é o caminhãoi assassino.

          Gozado é que, até hoje, quando eu dirijo em rodovias eu noto que os caminhoneiros oscilam entre solidários e educados e aqueles que não estão nem aí por quem passa perto. E isso em uma subida de serra é de amargar, haja paciência!

  3. Um título emblemático que consagrou Spielberg depois do sucesso do suspense Jaws. Difícil não voltar a assistir E.T. Pena que ano após ano ele tem botado o pé no freio.

  4. Um título emblemático que consagrou Spielberg depois do sucesso do suspense Jaws. Difícil não voltar a assistir E.T. Pena que ano após ano ele tem botado o pé no freio.

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