Perdidos no Espaço… vazios no espaço

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Perdidos no Espaço, seriado de sucesso na década de 1960, teve duas versões modernas, uma em filme outra no seriado recente do Netflix, ambas sem convencer com algum acréscimo a partir do antigo show de televisão.

 

Não é trocadilho! Mas sim a realidade da tentativa pífia de reedição de um seriado outrora de significativo sucesso nas TVs americana e brasileira, Perdidos no Espaço (ou no original Lost In Space), cujo repeteco não chegou a lugar nenhum, novamente sem trocadilho!

Talvez eu seja suspeito para falar, porque eu sempre tenho um pé para trás quando se trata de refilmagem de alguma coisa, geralmente filmes de cinema que acabam desfigurando os originais ao ponto de estes se tornarem irreconhecíveis! Basta assistir um episódio do seriado da década de 1960 para se ter noção das mudanças inutilmente concebidas.

 

Movidos pela ambição de sempre faturar mais algum, os estúdios aproveitam ideias e roteiros antigos, às vezes transformando um seriado de TV em filme de cinema, e nestes tempos de interfaces gráficas sofisticadas, realizar tecnicamente algo impossível na época em que os originais foram feitos.

Mas, como sempre, resta a dúvida se algum tipo de contribuição foi dada em relação ao original. E quando a resposta é negativa, para mim abate-se um desânimo incontornável, mesmo com um visual mais aprimorado na nova apresentação.

Perdidos no Espaço foi convertido em filme, com novo visual, a estória partindo do zero, mas o filme em si é bastante fraco. Dois dos antigos atores, June Lockhart (Maureen Robison) e Mark Goddard (Major Don West) aparecem em pontas, talvez na intenção de dar credibilidade ao filme, mas, sinceramente, não adiantou nada!

No seriado atual do Netflix as adulterações do original são até certo ponto constrangedoras, partindo do princípio de que os personagens do antigo seriado foram aqueles que motivaram a criação de um base de fãs, na década de 1960. Por exemplo, o ator Jonathan Harris criou um personagem de um terrorista inimigo como uma espécie de contraponto da figura de um cientista, levando a sua interpretação de vilão para o lado cômico. E funciona! O personagem do Dr. Zachary Smith, mesmo dublado, é um vilão exemplar, do tipo que não esconde as suas paranoias e receios.

Jonathan Harris foi habilmente dublado pelo veterano comediante Borges de Barros, que ele conheceu em um programa de TV durante a promoção do seriado no Brasil:

 

 

Borges capturou o lado histriônico de Zachary Smith e emprestou a sua voz de forma brilhante, o que lhe rendeu justificados elogios por parte de Jonathan Harris. De qualquer forma o personagem Smith se tornou o ponto forte do seriado naquela época, e Borges não deixou que esta popularidade se esvanecesse, muito ao contrário.

Em contrapartida, na reedição do Netflix o personagem Smith virou uma mulher antipática e ardilosa, sem nenhum toque de genialidade cômica e, portanto, incapaz de promover o chamado “comic relief” (“alívio cômico”, digamos assim), cujo objetivo é o de tirar a plateia do suspense ou do terror por alguns momentos.

 

 

O seriado do Netflix faz o robô repetir incessantemente a frase “Danger, Will Robinson”, mas sem a verve do ator que originou a voz do antigo robô, e é neste momento em que a gente observa que a alta tecnologia gráfica no lugar do desastrado aspecto visual do velho robô acaba por não acrescentar nada ao personagem.

Não quero ser antipático, mas quando eu vejo o ator Toby Stephens na tela eu imediatamente me lembro da sua brilhante participação no divertido Space Cowboys, dirigido por Clint Eastwood, no qual Toby faz o papel do personagem Frank Corvin (Clint Eastwood) quando este era jovem. Neste filme Toby assimilou com competência os maneirismos faciais e o olhar indignado de Clint, e em Lost in Space fica parecendo que aquela emulação continua por lá!

Mas, é claro, isso não empanaria a qualidade do seriado, se ele tivesse alguma. Só que em nenhum momento a família dos Robinson e Smith estão sozinhos. A introdução de outros personagens poderia ter sido positiva, mas a sequência dos episódios revela uma tentativa frustrada de somente tentar acrescentar suspense. Como a estória em si nunca tem fim, a repetição das ideias acaba ficando enfadonha.

O que de início parecia promissor, com apresentação em UHD, Dolby Vision e Dolby Atmos, acabou desnecessariamente redundante. Aliás, o som é muito bom, mas em alguns momentos percebe-se que a mixagem deixa a desejar sobre o ponto de vista tridimensional.

No final, é apenas um entretenimento que se desdobrou em mais uma temporada, e não passa muito disso! Outrolado_

 

. . .

007: Sem Tempo Para… Pensar

Cry Macho, novo filme de Clint Eastwood, direto para o streaming

 

O som de cinema no home theater

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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0 resposta

  1. Olá Paulo
    Eu iria alinhavar sua brilhante matéria com um nome…
    – Irwin Allen um mestre a frente do seu tempo.
    Imagino o que ele faria em todas suas criações originais, com a tecnologia disponível nos dias atuais em CGI’s.
    Endosso sua opinião sobre as refilmagens, e no meu ponto de vista nem vale a pena opinar sobre esse remake em relação a série original.
    São raros os cineastas do presente com potencial para surpreender como os diretores do passado, infelizmente.

    1. Oi, Rogerio,

      É verdade o que você diz sobre Irwin Allen e os recursos técnicos disponíveis eram parcos e limitados, assim fico imaginando o que ele faria se produzisse alguma coisa hoje.

      Aproveitando: obrigado pela leitura, desejo a você e aos seus um Ano Novo sem doença, com paz de espírito e pleno de novas realizações.

      1. Ooopa te agradeço pelos seus votos.
        Também lhe retribuo desejando a você e sua família que tenhamos um “novo ano em todos os sentidos e situações”, para que não só essa pandemia, como esse desgoverno seja varrido de nossas vidas.
        – Vida longa e próspera meu caro amigo Paulo.

  2. Olá Paulo
    Eu iria alinhavar sua brilhante matéria com um nome…
    – Irwin Allen um mestre a frente do seu tempo.
    Imagino o que ele faria em todas suas criações originais, com a tecnologia disponível nos dias atuais em CGI’s.
    Endosso sua opinião sobre as refilmagens, e no meu ponto de vista nem vale a pena opinar sobre esse remake em relação a série original.
    São raros os cineastas do presente com potencial para surpreender como os diretores do passado, infelizmente.

    1. Oi, Rogerio,

      É verdade o que você diz sobre Irwin Allen e os recursos técnicos disponíveis eram parcos e limitados, assim fico imaginando o que ele faria se produzisse alguma coisa hoje.

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      1. Ooopa te agradeço pelos seus votos.
        Também lhe retribuo desejando a você e sua família que tenhamos um “novo ano em todos os sentidos e situações”, para que não só essa pandemia, como esse desgoverno seja varrido de nossas vidas.
        – Vida longa e próspera meu caro amigo Paulo.

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