Sally Kellerman e a lembrança de MASH

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A versátil atriz Sally Kellerman desaparece aos 84 anos, juntando-se a Robert Altman, com quem atuou no icônico filme M*A*S*H, apresentado com impacto local no início da década de 1970, em pleno regime de opressão política daquele momento.

 

Dias atrás os jornais noticiam o falecimento da atriz Sally Kellerman aos 84 anos, cuja memória evoca a sua excelente participação no filme de Robert Altman de 1970 M*A*S*H, no papel hilário da Major Margaret “Hot Lips” O’Houlihan, cuja participação como atriz coadjuvante lhe rendeu indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro, e o prêmio do Kansas City Film Critics Circle (KCFCC).

 

Sally Kellerman era uma atriz completa, formada pelo Actors Studio, com participações incontáveis em TV e cinema.

MASH foi um daqueles filmes que marcou época. Lançado aqui nos cinemas em plena ditadura e repressão política, que teve como uma das suas principais características de atuação o exercício da censura a filmes, peças de teatro, músicas, etc.

Na época, o então Ministro da Educação Jarbas Passarinho, militar de carreira, classificou MASH como o filme mais subversivo que ele havia assistido. E por que não? MASH se propôs a debochar e destruir, com toques incontáveis de sarcasmo, a disciplina militar e até mesmo os seus alegados princípios de defesa da pátria.

Mas, o filme nunca foi proibido pela censura e pode ser assistido integralmente nos cinemas. MASH, é sempre bom lembrar, não deixou de ser uma forma de protesto contra a guerra do Vietnam. O filme usa um ambiente de hospital de campanha, de maneira a enfatizar o desperdício de vidas humanas e mutilação de corpos provocado pela guerra.

Simultaneamente, e aí eu dou razão ao ministro, ele desconstrói a figura do militar ortodoxo, que acredita na hierarquia, na disciplina e na obediência cega, e cujo comportamento se ancora nestes paradigmas. E é neste aspecto que o personagem da Major “Hot Lips” O’Houlihan se encaixa.

Na realidade, MASH desconstrói grande parte da estrutura social americana, onde valores tradicionais são amplamente torpedeados! Não há praticamente respeito a nada, e aí, novamente, se entende que grande parte da sociedade da época havia se cansado da retórica conservadora, que tentava ser imposta aos mais jovens.

MASH não foi um filme brilhante como cinema e até hoje acho que os cineastas nunca pretenderam que fosse. Suas mensagens estão claras e têm entrelinhas fáceis de descobrir, sendo, portanto, um cinema ao alcance da maioria das pessoas. Embora Robert Altman tenha sido um cineasta de vanguarda para a sua época, ele não se fechou em mensagens crípticas neste filme.

O filme foi rodado em Panavision 35 mm, mono. Na edição em Blu-Ray, o som foi remasterizado para 5.1, porém com raros momentos de ambiência no uso de surround, e nem precisaria, porque o forte do filme está na força dos diálogos, reproduzidos exclusivamente no canal central.

Cerca de 50 anos nos separam de MASH, mas ninguém, em sã consciência, poderá afirmar que o seu conteúdo deixou de ser relevante!  Outrolado_

. . .

Combatendo guerras… com humor negro!

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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