DVD gravável versus DVD estampado na fábrica

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Veja algumas diferenças entre o DVD gravável e o DVD prensado em fábrica, ou DVD-R e DVD+R, com o filme Moedinha de Amor como exemplo.

 

Durante muito tempo quem comprava um DVD de dupla camada, fabricado pelos estúdios de cinema, a maioria, naquela época, da região 1 (Estados Unidos), se deparava com o disco travando no início da segunda camada ou nem tocando mais. Eu tive vários desses discos, alguns dos quais foram doados para a Sony, a serem depois enviados ao Japão para exame, quando eu ainda tinha conhecidos no laboratório deles que ficava aqui no Rio de Janeiro.

Um dos diagnósticos divulgados pela Warner foi que o defeito parecia ser oriundo de um descolamento da segunda camada do disco, explicando assim porque só parte dos filmes podia ser reproduzida. Mas, a deterioração completa acabava acontecendo e o disco não tocava mais de jeito nenhum. Se levado ao computador, que sempre foi servido por drives óticos com melhor precisão de leitura, era às vezes possível detectar setores do disco ilegíveis. Este problema atinge também discos Blu-Ray, diga-se de passagem, não só prensados como os graváveis (BD-R/RW).

Eu já não me lembrava mais disso até outro dia, quando resolvi tocar o filme “Half A Sixpence” (no Brasil, “A Moedinha Do Amor”), lançado aqui em 70 mm, em alguns cinemas.

O disco Região 1, lançado na década de 1990

O disco Paramount original teve o seu lançamento na América tumultuado. Fãs do filme clamaram nos fóruns da época que o filme fosse colocado em um DVD, mas isso não acontecia, e em pouco tempo correu uma denúncia de que um dado executivo da Paramount detestava o filme, e por causa disso ele teria determinado que a empresa não iria lançá-lo.

Só que este tal executivo foi demitido, e a sua demissão festejada nos fóruns, por incrível que pareça, e com isso o disco foi finalmente lançado. A edição em DVD era anamórfica, tirada da versão 35 mm a 2.35:1, com som Dolby Digital 2.0 Surround. Como a grossa maioria dos filmes daquela época era projetado com som estereofônico frontal, eu imagino que até mesmo a versão de 6 trilhas da cópia em 70 mm acabaria tendo o mesmo resultado na autoração do disco!

Esta versão, mostrada mais abaixo, ainda se acha à venda, porém mais cara e nem sempre disponível para quem não mora na América.

A versão em DVD-R

Eu encontrei na Amazon americana uma cópia mais em conta do filme e então mandei trazê-la. Ao recebe-la, percebi logo que não era o disco original, e quando abri o estojo vi logo que se tratava de um DVD-R, mais especificamente um DVD+R de dupla camada (DL ou Dual Layered), marca Verbatim, como mostra a captura abaixo:

 

Comparando os dois discos, de imediato se observa a diferença no estojo e no selo dos discos:

 

 

Existem dois tipos de DVD gravável (DVD-R), o primeiro, lançado na década de 1990, foi identificado como “DVD-R” (DVD menos R). O segundo tipo, lançado cerca de uns cinco anos depois, mais aperfeiçoado, foi o “DVD+R” (DVD mais R). Este último tem um grau maior de compatibilidade para leitura nos players de mesa e podem ser formatados de modo a garantir maior tolerância a erros de leitura. Daí a oferta do novo disco ser exatamente neste formato.

Eu imaginava que iria receber uma nova prensagem, mas uma vez constatada a diferença voltei à página do produto para ler as especificações (mostradas mais abaixo) e não havia nenhuma informação quanto à natureza da cópia.

 

 

O que eu vi nesta página foram várias reclamações de consumidores que, ao receber o disco e tentar tocá-lo, descobriram que a reprodução tinha travado. Alguns dos reclamantes, a maioria ingleses, perceberam se tratar de disco codificado. Explicando melhor: um DVD codificado para o Reino Unido recebe o código 2, e os da América do Norte o código 1.

Se o leitor de mesa não estiver desbloqueado, o disco não toca! Nós aqui no Brasil prensávamos disco código 1, exportados para o mercado americano. Quando a fabricação de discos código 4 começou e os fabricantes locais começaram a vender leitores de mesa, as fábricas mandaram imediatamente representantes nas lojas para desbloquear seus leitores, e foi assim que nós pudemos reproduzir qualquer tipo de DVD.

Até recentemente (não sei mais como está agora) a Sony já mandava aparelhos desbloqueados da fábrica. Antes disso, o pessoal técnico de lá vendia uma placa que fazia isso. A placa ficou obsoleta, quando os desbloqueios dos aparelhos Sony passaram a ser feitos com códigos. Foi então que a fábrica resolveu oferecer os leitores já sem restrição de região. O que, aliás, fizeram muito bem, porque a imposição de códigos é uma atrocidade contra o consumidor, tanto assim que os discos Blu-Ray UHD não tem mais código algum!

Agora, a julgar pelas reclamações que eu li, o pessoal lá de fora continua comprando leitores de DVD com código de região imposto ao usuário, e/ou desconhecem o procedimento para resolver isso!

É possível que a maioria dos consumidores que compraram este disco não tenham percebido que o disco não é prensado (estampado) em uma fábrica. E não é difícil entender por que, já que só examinando o minúsculo logo do selo e da contracapa é que se descobre a natureza física do disco. A seguir, eu mostro uma macro deste detalhe, impresso no selo:

 

 

Em virtude da experiência prévia com mídias graváveis inconfiáveis, eu imediatamente coloquei o disco novo para tocar. Eu uso um Oppo UDP-203, desbloqueado para DVD, portanto nem me preocupei com isso. A imagem é muito boa e o som igual ao DVD original, o que para mim foi uma boa notícia. Mas, para não precisar passar por isso de novo, eu pretendo fazer logo uma cópia 1:1 (backup) e inseri-la no estojo antigo.

Um musical à moda antiga

A Moedinha Do Amor foi o filme que inaugurou o cinema Bruni Tijuca com sua moderna aparelhagem de 70 mm. Quando eu estive em Conservatória, durante uma homenagem do Festival Cinemúsica ao Orion Jardim de Faria, eu encontrei o Roberto Darze, dono do cinema, que me confirmou que a aparelhagem era o Incol 70/35:

 

Haf A Sixpence é um musical inglês, baseado no romance inglês “Kipps”, do celebrado autor H. G. Wells. Na estória, Arthur Kipps é um órfão, e junto com a amiga Ann, ambos acham uma moeda de seis pence, cada um ficando com a metade da moeda (daí o título do musical “half a sixpence”), como lembrança do amor eterno que um promete ao outro. Mas, Kipps recebe uma fortuna como herança, e muda de classe social, se envolvendo em um monte de situações inusitadas. A proposta da estória é fazer uma crítica à sociedade burguesa e excludente, no caso esnobes que tratam seus criados com autoritarismo e arrogância.

O filme conta com Tommy Steele, que canta e dança à moda antiga, como se fosse um musical vindo de Hollywood, mas ele é favorecido por uma coreografia bem planejada. Um detalhe interessante é a participação do dançarino norte-americano Grover Dale, que posteriormente se tornou professor e coreógrafo. Ele também aparece no filme de Jacques Demy desta mesma época (1967) “Les Demoiselles de Rochefort”. Na época em que eu vi Half A Sixpence, eu achava que Dale era inglês, mas no filme ele tinha sido dublado!

A produção importou veteranos de Hollywood, um deles o diretor George Sidney (ex-M-G-M), e o outro, Irwin Kostal (ex-Disney/Fox), ambos competentes, e que dão ao filme uma atmosfera bastante conhecida dos cinéfilos. Kostal participa da trilha musical como compositor, escreve e rege todos os arranjos, muito agradáveis de se ouvir, para quem gosta deste tipo de espetáculo.

O filme foi rodado em Panavision 35 mm anamórfico e ampliado para 70 mm, com trilhas sonoras em banda magnética de 4 e 6 canais, respectivamente. O som, entretanto, é todo frontal, mas com boa mixagem para todos os arranjos.

Por enquanto, não há esperança de se conseguir uma versão em Blu-Ray, que seria o ideal para este tipo de filme. Nesta cópia que eu recebi a imagem é bastante aceitável e o som Dolby Surround não compromete. Existe um pouco de distorção nos diálogos, mas nada que assuste ninguém. Nota-se que os vocais são dublados a partir das respectivas gravações de estúdio, porque o sincronismo labial não é, em alguns momentos, 100% perfeito. Mas, mesmo assim, para quem é fã do gênero, perfeitamente sublimável.

A direção de fotografia é inglesa, mas várias tomadas usam truques notoriamente hollywoodianos, que já foram vistos em inúmeros musicais americanos do passado. Quem não se sentir ofendido poderá aturar esses clichês sem problema!

Half A Sixpence marcou para mim uma época, não só do 70 mm nos cinemas, mas do resgate do musical tradicional, que até hoje eu aposto deixa saudade em muita gente!  Outrolado_

 

. . .

 

Homenagem a Orion Jardim de Faria, pioneiro de cinema

As soluções para DVD-Audio desapareceram. E agora?

Manchas irreversíveis em uma tela OLED

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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0 resposta

  1. Olá Paulo, que tema interessante !
    Eu mesmo possuo meia dúzia de joias guardadas as 7 chaves, que são os primeiros discos comerciais lançados aqui no Brasil em DVD pela Warner Home Vídeo. Eles pertencem a uma linha que nunca mais foram lançadas nesse sistema. São discos do tipo face dupla. Uma contendo o filme em 4:3 (fullscreen) e na outra 16:9 (widescreen). Quanto a erros de leitura, eu tive o mesmo problema relatado por você nos discos dual layer (no meu caso Planeta dos Macacos de 1968). Só resolvi o problema fazendo uma cópia em ISO da mídia, e depois descarregando em um DVD-R, aí rodou liso. Quanto ao player estou utilizando um aparelho que me surpreendeu com seu surpreendente upscale para 1080p (Sony BDP S6500). Mas como dizem, filmes em mídia estão se tornando “heróis da resistência”

    1. Oi, Rogério,

      Obrigado pelo compartilhamento da sua experiência. Muitos DVDs que ainda estão comigo eu não toco mais, e é por isso que volta e meia aparecem estas surpresas desagradáveis. Claro que eu só reponho os discos que me são essenciais, outros, como um duplo do Disney com o filme 20 mil léguas submarinas, eu deixei de lado completamente!

      No meu caso, não houve um disco sequer com erro de leitura que eu conseguisse recuperar, então, sorte sua com os ISO.

  2. Olá Paulo, que tema interessante !
    Eu mesmo possuo meia dúzia de joias guardadas as 7 chaves, que são os primeiros discos comerciais lançados aqui no Brasil em DVD pela Warner Home Vídeo. Eles pertencem a uma linha que nunca mais foram lançadas nesse sistema. São discos do tipo face dupla. Uma contendo o filme em 4:3 (fullscreen) e na outra 16:9 (widescreen). Quanto a erros de leitura, eu tive o mesmo problema relatado por você nos discos dual layer (no meu caso Planeta dos Macacos de 1968). Só resolvi o problema fazendo uma cópia em ISO da mídia, e depois descarregando em um DVD-R, aí rodou liso. Quanto ao player estou utilizando um aparelho que me surpreendeu com seu surpreendente upscale para 1080p (Sony BDP S6500). Mas como dizem, filmes em mídia estão se tornando “heróis da resistência”

    1. Oi, Rogério,

      Obrigado pelo compartilhamento da sua experiência. Muitos DVDs que ainda estão comigo eu não toco mais, e é por isso que volta e meia aparecem estas surpresas desagradáveis. Claro que eu só reponho os discos que me são essenciais, outros, como um duplo do Disney com o filme 20 mil léguas submarinas, eu deixei de lado completamente!

      No meu caso, não houve um disco sequer com erro de leitura que eu conseguisse recuperar, então, sorte sua com os ISO.

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