Prós e contras das conexões HDMI HDMI

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Conexões HDMI-HDMI foram projetadas para proteger o sinal digital contra cópia, mas podem ser usadas com enormes vantagens no áudio

 

Já faz tempo, e a memória pode me faltar, mas foi por volta de 2003, quando, à guisa do aumento de proteção contra cópia de conteúdo digital, a indústria se voltou para as conexões HDMI entre equipamentos, naquela época duramente criticada pelo site do Secrets of Home Theater and High Fidelity.

A principal objeção técnica era de que no design do transmissor de dados (bitstream de áudio e vídeo) os projetistas escolheram o envio serial e não paralelo. E só isto já foi o início de problemas até hoje praticamente incontornáveis, porque, entre outros empecilhos técnicos, os dados são enviados bit a bit, sem correção de erros prevista no sistema!

De fato, até hoje todo mundo que conecta equipamentos de áudio e vídeo por HDMI se defronta com eventuais quedas de conexão e/ou com uma completa interrupção do sinal no receptor.

Durante anos, a regra de ouro seria “ligar primeiro o receptor (TV, por exemplo) e depois o transmissor (um player ou outro tipo de sinal qualquer)”.

Em alguns casos, o desenhista do transmissor exigiria cabos HDMI de pelo menos 2 metros de comprimento, com o risco, de não o fazendo, sofrer com quedas de sinal constantes! Isto foi, inclusive, um dos pré-requisitos de todos os reprodutores de mesa da Oppo Digital.

E a entrada do protocolo de comunicação HDMI-HDMI deu uma rasteira em todos os usuários que haviam adquirido TVs com entrada para sinal de 1080 linhas com o uso de cabos vídeo componente.

E eu fui um que fiquei nesta situação. Por volta desta época, eu havia adquirido uma TV Sony de alta definição, na qual eu não pude ligar nada por vídeo componente, a não ser um leitor de DVD. Os desenvolvedores do sistema de transmissão em HDTV pelo ar haviam usado esta mesma TV, algumas inclusive importadas do Japão, para fazer todo tipo de teste.

Portanto, até então era perfeitamente possível transmitir sinais de 1080 linhas (1080i, no caso do broadcasting) por vídeo componente. Mas, o sinal era de natureza analógica. A indústria havia cedido aos clamores dos detentores de conteúdo e imediatamente digitalizou o sinal e reintroduziu o infame esquema de proteção chamado de HDCP, fato este, aliás, que depois complicou mais ainda os já problemáticos receptores de sinal digital por HDMI.

O problema continua recorrente: quem quiser transmitir e receber sinal digital de alta resolução (4K, por exemplo) tem que ter instalado nos equipamentos o protocolo HDCP na versão 2.2, de ponta-a-ponta, e ponto final.

O conceito de cabo único para transmitir sinal nunca foi novo. O que mudou foi a imposição draconiana usada (HDCP) para cobrir o chamado “buraco analógico”. Mas, esta premissa nunca foi verdadeira, porque naquela época não existiam equipamentos capazes de fazer cópia de material de alta definição em ambiente analógico!

Quem, como eu, se dedicou a montar em casa cabos de vídeo componente, usando material de alta qualidade, ficou a ver navios. Na prática, esses cabos só tiveram utilidade na época dos antigos players de DVD. E a minha estimada HDTV Sony nunca viu sinal de 1080 linhas, mesmo depois do sistema de TV brasileiro ter sido implantado, porque o sistema custou a sair, foi alvo de disputas políticas (para variar, como de hábito neste país) e assim aquela TV da Sony nunca chegou a ser equipada na fábrica com o necessário decodificador.

A confusão não ficou só por aí: a indústria de cabos passou a anunciar seus modelos segundo a versão dos protocolos, dando a entender que cada protocolo usaria um cabo HDMI diferente. Embora esta prática tenha sido proibida pelo consórcio HDMI, ela continuou a ser praticada sem escrúpulo, e quem sofre é o consumidor final, que não sabe com o que está tratando.

Cabos HDMI versus usuário final

Ainda hoje, eu canso de ver usuários se referindo a cabos HDMI segundo a versão do protocolo, por exemplo HDMI 2.1, etc.

O problema deste tipo de classificação é que ela simplesmente não existe, porque a pinagem dos cabos não muda. Apenas nos cabos com conexão Ethernet incluída algumas das linhas são usadas para esta finalidade. Caso a conexão exija este tipo de cabo, um cabo sem Ethernet funcionará para qualquer aplicação menos esta.

A classificação de protocolo diz respeito somente ao equipamento em uso, cujo fabricante deve informar que protocolos são usados. Embora protocolos de versões mais atuais sejam retrocompatíveis, a recíproca não é verdadeira, ou seja, se o usuário ligar um equipamento com transmissor 2.1 em um receptor 1.4 é possível que a conexão não se estabeleça.

Cada transmissor de sinal negocia seu protocolo com o receptor. Nesta negociação uma série de informações são solicitadas e se as respostas não estiverem de acordo, a transmissão de sinal pode ser cancelada. Em muitos casos, dependendo do design do transmissor, a negociação pode ser feita com pesquisa do tipo de sinal que o receptor aceita, e com isso ajustando o sinal de entrada para o sinal correto.

Notem que o que de fato importa para o usuário é a aquisição de cabos HDMI de boa qualidade, com bom isolamento e capazes de estabelecer conexões estáveis. E como identificá-los? Pelo certificado atestando o cabo ser de Alta Velocidade (High Speed, se quiserem).

Não só isso, mas o usuário que quer o melhor para si deve se certificar de estar comprando cabos HDMI de bons fabricantes, porque as chances de classificar cabos como de “alta velocidade” de maneira ilusória são grandes.

O reverso da medalha, no campo do áudio

Historicamente, os sinais de áudio sempre foram transmitidos com interfaces analógicas, mesmo depois do advento das mídias digitais. No caso dessas últimas, duas possibilidades distintas de transmissão de sinal podem ocorrer:

1 – Leitura da mídia digital → decodificador digital analógico (DAC) → saída de áudio RCA estéreo ou multicanal → entrada estéreo ou multicanal no reprodutor do sinal → amplificadores.

2 – Leitura da mídia digital → saída digital (SPDIF coaxial, Toslink, HDMI, etc.) → entrada digital equivalente no reprodutor de sinal → decodificador digital analógico (DAC) → amplificadores.

Com a introdução das conexões HDMI-HDMI, toda a transmissão de sinal ocorre do segundo modo. E assim a fonte de sinal passa a ser apenas a detentora do conteúdo, com a possibilidade de algum pré-processamento ou tratamento do sinal antes da saída digital.

Em qualquer hipótese, a conexão HDMI passa a ser totalmente dependente das interfaces do transmissor e do receptor, sob pena de ocorrer alguma anomalia nos casos de defeito ou incompatibilidade no trajeto do sinal.

Por outro lado, quando as conexões HDMI-HDMI se tornam bem sucedidas, a qualidade de reprodução passa a ser totalmente dependente da decodificação e amplificação do sistema de reprodução.

Equipamentos do tipo high-end para a reprodução de CD

Hoje já nem tanto, mas houve época, não muito distante, em que reprodutores de CD do chamado high-end eram vendidos por alguns milhares de dólares, marcas do tipo Krell, Mark Levinson, e muitas outras.

Eis aí um exemplo recente de player high-end, exibido em exposição:

 

 

Existem modelos high-end com modificações do circuito de saída totalmente valvuladas, destinados aos puristas que ainda insistem que o CD tem que soar igual a um elepê!

 

 

A sofisticação na construção de módulos sugere a separação entre o transporte, que compreende o pick-up ótico e demais componentes e estágios, e um decodificador (DAC) offboard, para converter o sinal externamente, antes que o áudio seja reproduzido.

Desnecessário dizer que este tipo de montagem encarece o sistema, mas segue os cânones do high-end, que é o de otimizar componentes ao máximo possível.

As vantagens do HDMI na otimização da reprodução

Ironicamente, a conexão de sinal por HDMI, mesmo com todos os seus problemas acima citados, é aquela que permite a passagem de sinais de áudio de alta resolução entre um player que pode ser usado como transporte e o receptor deste sinal, que poderá ter um decodificador de melhor qualidade.

Este tipo de montagem permite também que aparelhos de mesa relativamente modestos possam ser usados para reproduzir CDs, bastando para isso a conexão com decodificadores sofisticados. Muitos decodificadores deste tipo estão por aí, mas se o usuário prestar atenção na hora de montar o seu home theater ele poderá notar que vários modelos de pré-processadores de áudio e vídeo e um monte de receivers estão equipados com o que existe de melhor em termos de decodificação e pós processamento de áudio.

Eu testei esta possibilidade com vários dos meus equipamentos. O último deles, que eu conservo até hoje, é um Denon AVR-X 7200WA, que tem um processador AL32, com altíssima resolução. Este processador é usado inclusive em reprodutores de CD dedicados.

Eu já testei o Denon com alguns aparelhos de DVD Philips e Sony remanescentes, antes que eles saíssem aqui de casa. O resultado impressiona! No Philips inclusive, existia um upsampling interno, que quando desabilitado deixou o Denon liberado para reproduzir um som de invejável qualidade.

A ironia disso tudo é que a conexão HDMI foi desenhada para, em primeiro lugar, impedir a cópia de conteúdo digital, mas neste caso permite que o audiófilo com pouco recurso financeiro, que dificilmente faria uso do high-end, possa nestas circunstâncias ter uma qualidade na reprodução de música nunca antes sonhada!

É claro que, hoje em dia, colecionadores de discos são cada vez mais raros, mas aqueles que prezam as suas coleções têm no HDMI um recurso a mais para ouvir de novo a música que tanto amam, sem precisar recorrer a um empréstimo bancário.

Resumo da ópera: seja esperto e a use para te favorecer!  Outrolado_

 

. . . . .

Conectores para vídeo

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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0 resposta

  1. Excelente texto, Paulo. Muito interessante e valioso para mim saber mais sobre a Era da tecnologia que eu não vivi. Sobre o HDMI, é até hoje uma das melhores tecnologias de transmissão de áudio e vídeo, algo que não vai ser superado em bastante tempo, por conta principalmente do seu custo-benefício. Como você bem disso, fica a cargo do usuário final, a responsabilidade no momento da aquisição de um desses cabos, em termos de qualidade do produto. Afinal, é um recurso bom e barato, se comparado a outras tecnologias de transmissão.

  2. Excelente texto, Paulo. Muito interessante e valioso para mim saber mais sobre a Era da tecnologia que eu não vivi. Sobre o HDMI, é até hoje uma das melhores tecnologias de transmissão de áudio e vídeo, algo que não vai ser superado em bastante tempo, por conta principalmente do seu custo-benefício. Como você bem disso, fica a cargo do usuário final, a responsabilidade no momento da aquisição de um desses cabos, em termos de qualidade do produto. Afinal, é um recurso bom e barato, se comparado a outras tecnologias de transmissão.

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