O modo de tela dos cineastas já chegou

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

O novo modo de tela Filmmaker Mode (Modo do Cineasta), anunciado na CES 2020, já está disponível em algumas TVs no Brasil. O objetivo é a reprodução de vídeo (ou filme) do jeito original com o qual foi projetado.

 

A UHD Alliance, entidade que congrega fabricantes, estúdios e demais profissionais ligados ao cinema, consolidou recentemente todos os parâmetros de visualização de conteúdo, que foi batizado com o nome pomposo de FILMMAKER MODE.

 

 

Sucintamente, este novo modo de tela incorpora uma série de ajustes, de acordo com as intenções originais dos seus realizadores, os assim chamados cineastas, que pré determinam a maneira correta do usuário assistir a imagem por eles pretendida.

O lançamento oficial havia acontecido na CES 2020, com uma série de fabricantes de televisores endossando o novo padrão de tela, independentemente de outros formatos terem sido incorporados na TV.

No Brasil, por enquanto, eu só consegui achar uma linha de TVs fabricadas pela LG, com este tipo de recurso, mas eu acredito que outros fabricantes irão segui-la brevemente. Eu adquiri o modelo LG 43UN7300PSC para uma instalação do meu filho. Por enquanto, eu não tenho acesso a vídeos com este modo de tela e, portanto, não poderia opinar corretamente sobre isso.

O novo padrão teve o aval de vários cineastas, todos eles preocupados com a apresentação mais correta dos seus trabalhos nas telas de TV:

 

Modo de operação

O Filmmaker Mode opera de duas maneiras: a primeira, mais relevante, funciona através de flags inseridas nos metadados do sinal de vídeo. Para quem não conhece, metadados são informações contidas nos cabeçalhos de algum tipo de sinal na forma de bytes contendo sinalizadores (“flags”), que avisam o equipamento receptor o que ele deve acionar ao receber aquele sinal. Se o receptor não tiver o identificador adequado, as flags são ignoradas.

A segunda maneira é forçar o modo de tela dos cineastas. A meu ver não se deve fazer isso, sob pena da imagem final não ficar corretamente ajustada.

No modelo da LG acima descrito, o manual faz as seguintes observações, e eu cito:

FILMMAKER MODE:

 Ele fornece qualidade otimizada de Imagem de Cinema certificada pela UHD Alliance, o órgão de definição padrão para tecnologias relacionadas à UHD.

Para alternar automaticamente para o FILMMAKER MODE quando um sinal que pode ser operado com este modo for inserido, defina Mudança automática de FILMMAKER MODE como Ligado

 

E mais adiante:

Configurações adicionais:

Mudança automática de FILMMAKER MODE

Se definido como Ligado, o Modo de Imagem será alterado automaticamente para FILMMAKER MODE quando um sinal que pode ser operado com o modo FILMMAKER MODE for inserido.

 

Na prática, esta última observação significa conectar um dispositivo de vídeo qualquer, e deixar que a TV ela própria discrimine se a flag do Filmmaker Mode foi recebida e decodificada ou não, vinda do sinal de vídeo.

Além disso, o usuário pode não forçar o modo de tela para Filmmaker Mode, escolhendo um outro modo de tela, o que seria o mais correto. Caso um vídeo com a flag seja reproduzido, o Filmmaker mode seria automaticamente selecionado e depois desabilitado, com a TV voltando para o modo de tela previamente escolhido pelo usuário.

O objetivo principal do modo de tela dos cineastas é dar um fim ao algoritmo de interpolação de quadros, no passado visto como uma maneira de eliminar o judder (captura incompleta de movimento) das câmeras, mas no final ele introduz uma imagem artificial, que reduz o filme em película a um sinal convencional de vídeo, chamado de “efeito novela”.

Vários cineastas são contra, obviamente, deturpar as suas obras de cinema quando ela é transformada em uma imagem completamente artificial e falsa, e sugerem desligar qualquer método de interpolação de quadros.

Outros modos de tela similares

Tentar reproduzir filmes de cinema da maneira como eles devem ser vistos não é iniciativa única da UHD Alliance. Um deles já foi previamente comentado por mim, e se chama Imax Enhanced.

Outro, ainda mais evoluído no formato HDR, é o Dolby Vision IQ (referência ao QI ou coeficiente de inteligência). O modo de tela da Dolby também faz uso de metadados, mas com um alegado diferencial, que se destina a compensar a luz ambiente, através de um sensor incluído na TV.

Como o Filmmaker Mode admite HDR, ele pode perfeitamente operar com a imagem em Dolby Vision e formatos similares.

A formatação de tela especificamente projetada para cinema já existe nos televisores LG há algum tempo. O mais antigo modo segue as regras da Image Science Foundation ou ISF, com as alternativas para ajuste em ambiente claro e escuro.

O modo de ajuste mais recente, presente nas telas OLED, é o Technicolor Expert Mode, que deveria ser seguido pelo formato Advanced HDR, que nunca apareceu em atualizações de firmware subsequentes.

Na realidade, as TVs da LG implementaram o recurso de HDR dinâmico, outro modo de tela acionado por flags em metadados. Isso possibilita a reprodução correta de HDR 10+ ou HLG HDR.

Uma confusão desnecessária

A infame guerra de formatos, com cada grupo querendo impor o seu modo de tela, nunca ajuda ao usuário final.

Outro empecilho é a disponibilidade de material contendo metadados de um dado formato, versus a disponibilidade de recursos nos aparelhos de TV, porque um não funciona sem o outro. E isto obriga a quem quer ter os novos recursos trocar de aparelho toda vez que aparece um recurso desses.

Na minha modesta observação, mesmo sem tendo instrumentos adequados de medidas, eu noto que a diferença de performance entre HDR 10 e Dolby Vision passa quase desapercebida. Teoricamente, o HDR 10+, com HDR dinâmico, resolveria tudo sem confusão ou disputa de formatos, mas ele aparentemente não é consenso.

A única alternativa razoavelmente viável é o fabricante da TV disponibilizar todos os ajustes simultaneamente, mas isto implica em custos com os quais o usuário final pode não querer arcar.

Os cineastas estão certos ao quererem se assegurar de que o trabalho deles seja assistido como eles idealizaram, sem qualquer tipo de embelezamento que possa adulterar este tipo de conteúdo. E isso é a coisa mais fácil de acontecer. Os próprios fabricantes, LG incluso neste grupo, são crípticos na explicação de ajustes de tela, podendo muitos deles serem totalmente desnecessários.

É por isso, inclusive, que o Filmmaker Mode desabilita de cara coisas como interpolação de imagem e outros recursos.

Eu acredito que pouca gente note, mas o fato é que as telas atuais de TV, principalmente aquelas construídas com OLED, atingiram um grau de aprimoramento frequentemente melhor em qualidade do que as telas de cinema em 4K propriamente ditas. Isso se deve ao aperfeiçoamento dos chipsets que estão equipando as TVs atuais.

Os cineastas que vieram a público falar sobre o Filmmaker Mode percebem o grau de sofisticação das telas de TV mais recentes, e se dão conta de que a divulgação de seus trabalhos está atualmente feita muito mais dentro de casa, através principalmente dos serviços de streaming, que oferecem 4K, Dolby Vision, Dolby Atmos e HDR 10.

Era de se esperar que os novos meios de comunicação, do tipo streaming, também deveriam ser alvo do aprimoramento conseguido pelo novo modo de tela dos cineastas.

Por enquanto, eu não vi nenhuma notificação a este respeito, mas o novo formato pode surgir de uma hora para outra, e sem aviso prévio!  Outrolado_

. . .

 

Com tantos formatos, o Advanced HDR da Technicolor parece ter sido esquecido

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Mais lidas

0 resposta

  1. Olá Paulo,

    O que as marcas não fazem pra vender TV não é ! Inventam DVision que é nada mais que um tipo de HDR, eles tem um marketing forte, sem falar na Samsung com suas Qleds, como a tela deles não fosse uma LCD mais comparada a Oled. E agora com essa de modo de cineasta. Sempre foi assim essa indústria de cinema em casa/home vídeo, não de inventar coisas pra vender.

    Afinal, cadê as TVs 3D e com câmera embutida ? que era bem mais interessante ter o Skype na TV com câmera ! Agora nas novas TVs da LG 2020 estão retirando o suporte ao DTS surround e deixando só o DD. Infelizmente as TVs estão como os Smart Phones, pra quem gosta de gastar e tem $$ pra queimar todo ano em uma novidade.

    1. Oi, Lee,

      Você tem toda a razão. Deveria haver um consenso entre quem propõe formatos e quem fabrica, mas isso raramente acontece.

      A Samsung usou a tecnologia de pontos quânticos para se livrar do OLED, mas agora se percebe que eles estão mudando de rumo. Pontos quânticos servem para corrigir a curva de resposta de cores, mas é perfeitamente possível atingir isso de outras maneiras. Talvez seja isso que desestimula visualmente o consumidor que não se interessa em gasta mais.

      1. Eu particularmente gosto da interpolação de imagens, e na minha opinião esse metadados são um crime contra a liberdade dos usuários de TVs domésticas!

        1. Oi, Alexandre,

          Desculpe, mas não é bem assim. Metadados existem justamente para acertar a correta configuração de qualquer sinal. Desabilita-los seria ir contra estes ajustes e conseguir resultados de reprodução equivocados. Além disso, a programação de metadados faz parte das negociações de protocolo entre transmissor e receptor de sinal digital avançados, como aqueles usados nas conexões HDMI.

  2. Olá Paulo,

    O que as marcas não fazem pra vender TV não é ! Inventam DVision que é nada mais que um tipo de HDR, eles tem um marketing forte, sem falar na Samsung com suas Qleds, como a tela deles não fosse uma LCD mais comparada a Oled. E agora com essa de modo de cineasta. Sempre foi assim essa indústria de cinema em casa/home vídeo, não de inventar coisas pra vender.

    Afinal, cadê as TVs 3D e com câmera embutida ? que era bem mais interessante ter o Skype na TV com câmera ! Agora nas novas TVs da LG 2020 estão retirando o suporte ao DTS surround e deixando só o DD. Infelizmente as TVs estão como os Smart Phones, pra quem gosta de gastar e tem $$ pra queimar todo ano em uma novidade.

    1. Oi, Lee,

      Você tem toda a razão. Deveria haver um consenso entre quem propõe formatos e quem fabrica, mas isso raramente acontece.

      A Samsung usou a tecnologia de pontos quânticos para se livrar do OLED, mas agora se percebe que eles estão mudando de rumo. Pontos quânticos servem para corrigir a curva de resposta de cores, mas é perfeitamente possível atingir isso de outras maneiras. Talvez seja isso que desestimula visualmente o consumidor que não se interessa em gasta mais.

      1. Eu particularmente gosto da interpolação de imagens, e na minha opinião esse metadados são um crime contra a liberdade dos usuários de TVs domésticas!

        1. Oi, Alexandre,

          Desculpe, mas não é bem assim. Metadados existem justamente para acertar a correta configuração de qualquer sinal. Desabilita-los seria ir contra estes ajustes e conseguir resultados de reprodução equivocados. Além disso, a programação de metadados faz parte das negociações de protocolo entre transmissor e receptor de sinal digital avançados, como aqueles usados nas conexões HDMI.

  3. Olá Paulo
    O tema desta matéria foi meio difícil de compor um comentário, pois certamente gera controvérsias, além de ser bem polêmico por vários quesitos, mas vou me ater no tema específico do formato da tela, a qual nos remete aquela TV da Philips do ano de 2011 (inovadora na época) modelo Cinema 21:9 TV LCD 58PFL9955D/78. Sempre faço referência a ela Paulo, pois no meu modesto conceito, qualquer TV que venha a ser lançada, se não tiver esse formato (21:9) não haverá uma perfeita integração ao formato da filmagem original. Eu acabei de adquirir uma nova TV e foi um “parto” para pincelar um modelo que coubesse na delicada equação custo/benefício. Foi uma experiência bem desagradável, pois aqui no Brasil modelos que realmente me interessam, e atenderiam aos mais aficionados cinéfilos, tem o preço de um carro zero Km. Resumindo o assunto readequação/exibição do formato original do Cinema as Tv’s widescreen seja qual for o tamanho da tela de TV (com exceção dos grandes títulos épicos do passado, ou series antigas em formato 4:3 que eram exibidas adequadamente nas TV’s antigas de tubo) acho que não vai resolver o problema das tarjas pretas que ficam na tela, sejam qual for o recurso que a indústria de eletro eletrônico venha criar, para “adequar” a tela 16:9 das TV’s atuais, ao formato original de Cinema 21:9.

    1. Oi, Rogério,

      O formato 16:9 foi consenso na época em que foi apresentado como porposta de padrão para HDTV. Mas isso nunca freou os fabricantes de fazerem alterações, alterações essas que perduram até hoje, haja visto as telas fabricadas como monitores de computador.

      Tanto os melhores monitores quanto principalmente TVs de melhor nível estão custando os olhos da cara. Eu andei dando uma olhada no mercado recentemente e fiquei horrorizado com o preço das OLEDs. E não deixa de ser uma ironia, porque supostamente a tela OLED não tem nível de rejeição na fábrica que justifique isso. Além disso, a eletrônica sendo mais avançada, deveria empurrar os preços para baixo e não o contrário.

  4. Olá Paulo
    O tema desta matéria foi meio difícil de compor um comentário, pois certamente gera controvérsias, além de ser bem polêmico por vários quesitos, mas vou me ater no tema específico do formato da tela, a qual nos remete aquela TV da Philips do ano de 2011 (inovadora na época) modelo Cinema 21:9 TV LCD 58PFL9955D/78. Sempre faço referência a ela Paulo, pois no meu modesto conceito, qualquer TV que venha a ser lançada, se não tiver esse formato (21:9) não haverá uma perfeita integração ao formato da filmagem original. Eu acabei de adquirir uma nova TV e foi um “parto” para pincelar um modelo que coubesse na delicada equação custo/benefício. Foi uma experiência bem desagradável, pois aqui no Brasil modelos que realmente me interessam, e atenderiam aos mais aficionados cinéfilos, tem o preço de um carro zero Km. Resumindo o assunto readequação/exibição do formato original do Cinema as Tv’s widescreen seja qual for o tamanho da tela de TV (com exceção dos grandes títulos épicos do passado, ou series antigas em formato 4:3 que eram exibidas adequadamente nas TV’s antigas de tubo) acho que não vai resolver o problema das tarjas pretas que ficam na tela, sejam qual for o recurso que a indústria de eletro eletrônico venha criar, para “adequar” a tela 16:9 das TV’s atuais, ao formato original de Cinema 21:9.

    1. Oi, Rogério,

      O formato 16:9 foi consenso na época em que foi apresentado como porposta de padrão para HDTV. Mas isso nunca freou os fabricantes de fazerem alterações, alterações essas que perduram até hoje, haja visto as telas fabricadas como monitores de computador.

      Tanto os melhores monitores quanto principalmente TVs de melhor nível estão custando os olhos da cara. Eu andei dando uma olhada no mercado recentemente e fiquei horrorizado com o preço das OLEDs. E não deixa de ser uma ironia, porque supostamente a tela OLED não tem nível de rejeição na fábrica que justifique isso. Além disso, a eletrônica sendo mais avançada, deveria empurrar os preços para baixo e não o contrário.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *