Só a vacina salva!

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Vacina salva

Vidas seriam resguardadas se a vacinação tivesse começado em dezembro de 2020 ou se aplicássemos mais vacinas por dia.

 

As mortes despencaram em países que vacinaram mais de 40% do total da população. O problema é que atualmente o convencimento por argumentos e dados concretos anda em baixa em nossa sociedade. A reflexão mínima sobre um determinado assunto importante torna-se uma panaceia pseudointelectual.

Sou entusiasta da vacina e no mês de janeiro publiquei um texto comemorando o início (comprovadamente atrasado) do processo de vacinação dos brasileiros. Se o nosso problema fosse somente o de iniciarmos atrasados, poderíamos recuperar ao longo dos meses de 2021 e entraríamos no ritmo de outros países que planejaram melhor o processo de vacinação, algo que também não fizemos.

Obviamente, os dados absolutos do Brasil chamam sempre a atenção, pois não devemos esquecer que estamos entre os seis países mais populosos do mundo, o que explica os montantes volumosos. Então, o melhor caminho para uma análise mínima é o de fazer o cruzamento dos dados absolutos para alcançar cenários com as relativas proporcionalidades, como por exemplo vacinas aplicadas pelo total da população.

A questão é que essa dificuldade de reflexão nos impede até o desenvolvimento de uma conversa qualificada sobre a proporcionalidade, visto que ela vai nos indicar a real necessidade de aceleração da vacinação.

Agora existe algo que favorece uma análise imparcial: o pêndulo tem mudado nos últimos dois meses e os números de países mais adiantados se consolidaram. Na verdade o declínio começou em maio, mas como ainda se desenhava como tendência (sabe-se que um ciclo de contaminação da Covid-19 pode chegar até 14 dias), novamente surgiria uma margem para os debates matemáticos mais absurdos (trata-se da matemática criativa brasileira, que tornou inexata essa ciência).

A contundência do resultado da vacina pode ser identificada com clareza para a primeira semana de junho em países como Israel e Inglaterra (na verdade os dados aqui demonstrados são consolidados pelo Reino Unido). Vejamos primeiro a quantidade de pessoas vacinadas com a primeira e segunda doses. Os dados dos Estados Unidos serão inseridos para analisarmos também um país com uma população bem maior que a nossa.

De imediato, notamos que existe uma brutal diferença entre o percentual da primeira dose e da cobertura total entre o Brasil e os três países em análise, algo não recomendado pelos pesquisadores e especialistas e que vai fazer uma diferença visível na próxima análise.

 

Percentual da população vacinada

Junho-21 (*) % 1ª dose % 2ª dose
Israel 60,3% 56,8%
Reino Unido 60,9% 42,4%
Estados Unidos 52,2% 42,6%
Brasil 24,2% 11,1%

 

 

 

(*) dados de 8 de junho de 2021, informados no Portal da Wikipédia, que consolida as informações oficiais dos países.

Os dados acima expostos, quando relacionados com a perda de vidas, demonstraram objetivamente que o avanço da vacina poupou vidas. Em comparação aos três países, estamos na metade de vacinados com relação à primeira dose e cerca de quatro vezes menos na segunda dose.

Para termos uma ideia, no dia 01 de Junho e nos dias 06 e 07 de Junho, respectivamente, o Reino Unido e Israel não perderam vidas para a pandemia. Na primeira semana de junho, chama atenção a manutenção da queda do número de mortos, o que significa que o esforço acumulado de vacinação em 2021 surtiu efeito e que a tendência agora está consolidada em baixa nesses países. Não se trata de algo isolado, pois verifica-se que outros países como Alemanha, Espanha e Portugal, que adotaram medidas recentes de aceleração da vacinação também estão com perdas próximas de zero. No caso desses três países a palavra mágica chama-se (re)planejamento, pois notaram a lentidão inicial (boa parte advinda da burocratização da Comunidade Europeia) e tomaram decisões para o aumento quantitativo de vacinas aplicadas.

Se o leitor chegou até aqui e realmente tem a intenção de verificar números quantitativos mínimos para notar a diferença entre o que ocorre em países que avançaram na vacinação e compará-los com o nosso, os dados listados a seguir podem ajudar muito em análises atuais e futuras.

 

Junho-21 (*)
Dia 1 2 3 4 5 6 7 Total/mortes
Israel 01 02 01 01 01 00 00 06
Reino Unido 00 12 18 11 13 04 07 65
Estados Unidos 520 598 618 543 370 253 305 3.207
Brasil 2.408 2.507 1.682 1.454 1.689 873 1.010 11.623

(*) dados de 8 de Junho de 2021, informados no Portal da Wikipédia, que consolida as informações oficiais dos países.

Infelizmente, como demonstram os números de forma bem objetiva, na primeira semana de junho nosso país perdeu 3 vezes mais vidas que os Estados Unidos (e somos cerca de 30% menores na população total). Vale arriscar o cálculo proporcional para entender o tamanho do nosso atraso para salvarmos vidas (somos 30% menores na população total e perdemos 3 vezes mais). Basta comparar os dados acima e fazer as contas: no Brasil perdemos 11.623 vidas na semana e no mesmo período nos Estados Unidos foram 3.207.

Existe também uma conta reversa, que seria bem mais complexa de ser realizada, mas ela pode demonstrar quantas vidas seriam resguardadas se a vacinação tivesse começado em dezembro de 2020 ou se aplicássemos mais vacinas por dia. No meio de tantos números é muito importante reforçar que estamos falando da vida das pessoas, de brasileiros como nós.

Dentre os países em análise e outros que foram aqui citados, o Brasil é o único país com mortos muito acima da média (no Reino Unido, a perda na primeira semana de junho, registrou 10 pessoas para cada 100 mil de habitantes, enquanto no Brasil foi de 190 pessoas para cada 100 mil – são quase 20 vezes mais perdas na comparação). Agora, caso o número total de mortos para o mês de junho expostos na tabela acima dificulte a percepção de que só a vacinação salva, nós realmente saberemos que no Brasil o problema é muito mais grave.

ps.: (*) O portal do Wikipédia consolida diariamente as informações dos países. Acompanho o mapa e as estatísticas desde que o conteúdo foi disponibilizado na Internet e recomendo a leitura e análise. Outrolado_

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Somos Cem Esperanças

 

Tem problemas que, quando aparecem, escancaram muitos outros

Corinto Meffe (corinto.meffe@planejamento.gov.br) é assessor da presidência do Serpro.

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Uma resposta

  1. Corinto, é uma grata satisfação comentar sua matéria, que por sinal aqui no Outrolado está repleto de “feras em seu casting” Mas falando em vacinas, eu consegui me vacinar em virtude de uma comorbidade de origem cardíaca, e fico imaginando as pessoas comuns de faixa etária mais nova, quando terão essa oportunidade ? Quanto mais eu ligo o computador ou a tv, mais desespero sentimos. Um pais que está literalmente a deriva, sem comando, sem vacinas para todos… De uma forma popular poderia dizer que estamos em um mato se cachorro; e o pior de tudo que sabemos quem é o culpado dessa situação, mas o que nos resta é rezar, orar ou fazer qualquer coisa para nos preservamos sadios, e aguardar o veredito do “povo” em 15/11/2022

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