A importância da UFA na evolução do cinema

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Conheça a dramática história da UFA (Universum Film AG), principal companhia produtora de cinema na Alemanha.

 

Anos atrás eu fiz uma pequena revisão do cinema alemão moderno para o Webinsider. E dentro deste texto eu recapitulei alguns poucos dados sobre a UFA (Universum Film AG), principal companhia produtora de cinema na Alemanha, e que passou por fases distintas, algumas das quais quase a levaram à bancarrota ou à destruição pura e simples.

Durante uma boa parte da década de 1920 a UFA funcionava com seus enormes estúdios em Babelsberg. O estúdio como um todo, o maior da Europa, havia sido fundado em fins de 1917, para competir internacionalmente, mas por volta de 1925, devido a pressões de ordem financeira, foi compelido para fazer acordo com a M-G-M e com a Paramount, formando o consórcio Parufamet (Paramount-UFA-Metro), que se mostrou depois contrário aos interesses da UFA, e acabou sendo dissolvido. Até então, ambos os lados trocaram experiência de produções e temas, tendo reflexos nos anos seguintes.

Durante a década de 1920, ainda na fase de filmes mudos, seus diretores assentaram as bases do que foi classificado como cinema expressionista: a distorção da realidade, de personagens, luzes inseridas de forma dramática, etc. O expressionismo começou na Alemanha, e espalhou-se para o resto da Europa.

Na realidade, estúdios menores do que a UFA começaram este movimento, sendo “O Gabinete do Doutor Galigari” considerado como o primeiro filme mudo com características expressionistas.

Mas foi na UFA, em 1927, que Fritz Lang realizou a obra maior do cinema expressionista, com “Metrópolis”, filme que marcou o diretor frente aos nazistas, obrigando-o a fugir para a América para não se tornar uma marionete dos filmes de propaganda daquele regime.

A UFA adaptou-se rapidamente ao cinema sonoro, usando para tal o sistema fabricado pela Klangfilm, com banda ótica variável. A Klangfilm foi formada em 1928, pela parceria Simens-AEG, posteriormente de propriedade da primeira, em 1941. Sempre atenta ao progresso do processo de filmagem, a UFA passou a produzir filmes coloridos, com sistema próprio de cores, com o nome de UFA color, de 2 cores, e depois Agfacolor. O formato da Agfa foi bastante usado pela M-G-M durante a década de 1950, com o nome de Ansco Color.

A UFA chegou a ter uma rede exibidora própria. No Brasil, foi construído o UFA Palácio, com sistema Klangfilm, localizado em São Paulo capital, e inaugurado em 1936. O cinema depois mudou de nome, para Art Palácio.

 

 

Os UFA Palácios na Alemanha foram vendidos em 1972. A exibição de filmes da UFA no Rio de Janeiro era feita em cadeias alternativas. O Cinema Olinda, o maior da cidade, foi onde eu assisti, ainda menino, alguns desses filmes, com temas populares e de grande sucesso, como Sissi ou a Família Trapp (precursor de Sound of Music), etc.

O fim da segunda guerra mundial afetou novamente os estúdios da UFA primeiro com a destruição da sua sede e depois com a partição entre as duas Alemanhas.

 

 

A parte que ficou na Alemanha Oriental caiu nas mãos dos soviéticos, que o rebatizou de DEFA (Deutsche-Film AG), a partir de 1946. A “sovietização” proposta para a DEFA deixou os estúdios mais ou menos na mesma situação anterior, com direito a censura e banimento de produções. Esta situação iria perdurar até a derrubada do muro de Berlin, quando o estúdio foi vendido para uma empresa francesa, em 1992.

O patrimônio da UFA Filmes foi eventualmente repassado para a F. W. Murnau Foundation, com o intuito de preservar o seu imenso catálogo de filmes. No entanto, o controle do estúdio propriamente dito ainda se situava em território soviético.

O remanescente da UFA no lado ocidental correu o risco de total extinção, provocada pela “desnazificação” da Alemanha no pós-guerra. Mas um consórcio formado pelo Deutsche Bank salvou mais uma vez o estúdio do desaparecimento. Em 1958, a produção de longas foi reiniciada com o filme Stefanie, dirigido por Josef von Báky. A produção de filmes pela UFA terminou em 1969.

O destino do estúdio antes da união das duas Alemanhas

Em 1964, o grupo Bertelsmann comprou o que sobrou da UFA, e mudou o seu nome para UFA Film & TV Produktion GmbH (UFA GmbH).

O Estúdio Babelsberg continua em plena atividade, aceitando produções ou coproduções do mundo todo. Agora mesmo, o estúdio lança um filme Traumfabrik, por coincidência, sobre a época da DEFA:

 

 

A estreia de Traumfabrik (“Fábrica de Sonhos”) está prevista para julho de 2019. Eu sou um que gostaria de assisti-lo em nossos cinemas, mas fazer o quê? Se alguém souber de seu lançamento por aqui, por favor me avise!  Outrolado_

 

. . .

Leia também:

 

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Silêncio no set de filmagens… Clint no filme A Mula

 

Cinema, a grande e a maior arte escapista do século 20

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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0 resposta

  1. Bem Paulo essa matéria sobre a produtora Alemã Ufa, é pouco difundida para os Brasileiros, mais acostumados com a divulgação maciça da indústria cinematográfica Americana (leia-se Hollywood), e muito pouco com o Cinema Alemão, a qual tomamos contato por ocasião da celebração do Festival de Berlim, por sinal mal divulgado aqui no Brasil . O problema ao meu ver é a mídia aqui no Brasil, que se prende a contratos de exibição (mais rentáveis comercialmente) com os Estúdios Americanos. Mas os Alemães (como exemplo) fizeram bons filmes de Guerra, e se não me engano a Ufa produziu um deles, chamado U-Boote westwärts (1941) em P.B.

    1. Oi, Rogério,

      É justamente por causa da pouca distribuição no Brasil, e isso agora se espalha por produções de vários países, é que eu pedi ao leitor para me passar alguma coisa sobre exibição ou mídia por aqui.

      Eu assisti o filme A Queda por causa do Festival de Cinema do Rio, caso contrário só importando a mídia, o que eu fiz depois, mas o disco acabou saindo aqui depois. Então, fica difícil prever se será possível ter acesso aos filmes, principalmente nos cinemas.

  2. Bem Paulo essa matéria sobre a produtora Alemã Ufa, é pouco difundida para os Brasileiros, mais acostumados com a divulgação maciça da indústria cinematográfica Americana (leia-se Hollywood), e muito pouco com o Cinema Alemão, a qual tomamos contato por ocasião da celebração do Festival de Berlim, por sinal mal divulgado aqui no Brasil . O problema ao meu ver é a mídia aqui no Brasil, que se prende a contratos de exibição (mais rentáveis comercialmente) com os Estúdios Americanos. Mas os Alemães (como exemplo) fizeram bons filmes de Guerra, e se não me engano a Ufa produziu um deles, chamado U-Boote westwärts (1941) em P.B.

    1. Oi, Rogério,

      É justamente por causa da pouca distribuição no Brasil, e isso agora se espalha por produções de vários países, é que eu pedi ao leitor para me passar alguma coisa sobre exibição ou mídia por aqui.

      Eu assisti o filme A Queda por causa do Festival de Cinema do Rio, caso contrário só importando a mídia, o que eu fiz depois, mas o disco acabou saindo aqui depois. Então, fica difícil prever se será possível ter acesso aos filmes, principalmente nos cinemas.

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